O Vagabundo
Como citaram muito a palavra vagabundo no último dia 17/04/16, domingo, em votação na Câmara, interessei-me em fazer uma reflexão sobre esta palavra e fui verificar seu significado de dicionário. Assim, em rápida pesquisa, o Google informou-me:
'Vagabundo:
Adjetivo substantivo masculino.
1. Que ou quem leva a vida errante, perambula, vagueia, vagabundeia.
2. Que ou quem leva a vida no ócio; índole vadio.
3. B.pej. Que ou o que age sem seriedade ou com desonestidade; malandro, canalha, biltre.
4. Adjetivo fig. Que não tem constancia, é volúvel.
5. Adjetivo pej. De má qualidade, inferior, ordinário - 'tecido barato, v.'.
6. Subst. masculino. Indivíduo que não tem residencia habitual, ou que emprega a vida em viagens, sem ter um ponto central de negócios.'
E relembrando alguns dos ditos daquela mesma ocasião, proferidos por vários deputados:
'Pelo fim da corrupção, pelo fim da vagabundização remunerada.' Alceu Moreira (PMDB-RS)
'Vamos acabar com a vagabundagem neste país...'
'Vamos acabar com os vagabundos...'
Fiquei a pensar quando ouvi estas frases saindo das bocas de vários políticos. Da forma com que bravejaram estas sentanças, fiquei impressionada!
Realmente, estariam eles dispostos a mudar a história? Realmente aqueles políticos almejam deixar de vagabundear no Congresso e passar a tratar a nação com respeito? Realmente irão parar de beneficiar-se com acordos, irão parar de assaltar os cofres, vão parar de desviar verbas, de superfaturar obras, vão parar de fazer políticas para beneficiar as próprias empresas, mas em detrimento do povo?
Fiquel a pensar se não estariam, mais uma vez, mentindo para nós.
A dona de casa, trabalhadora, que cuida dos filhos, mal pode esperar! O Bolsa Família ajuda, mas ela não vê a hora de terem saúde e educação de qualidade, para seus filhos conquistarem uma vida mais digna no futuro.
Os estudantes bolsistas acreditam que não seriam necessárias bolsas de estudos se as Universidades Públicas abrissem mais vagas e se o ensino básico e técnico fossem de qualidade e gratuitos!
As feministas ficariam mais aliviadas em saber que há deputados que execram o abuso masculino de poder, a exploração sexual da mulher, a desigualdade de salários, a licença maternidade tão pequena que a mulher precisa escolher entre cuidar do filho ou deixar o trabalho.
Os educadores iriam aplaudir quando não demorasse tanto para ocorrer uma reforma no ensino; quando não faltasse merenda nas escolas; quando não houvesse falta de profissionais porque a prefeitura não quis renovar contratos para não caracterizar vínculo empregatício, e as crianças ficando sem cuidado.
O pedreiro ficaria contente se todas as normas de segurança fossem seguidas e recebesse um salário digno, se a ergonomia fosse apropriada ao trabalho e não significasse ficar inválido com problemas de coluna ou respiratório aos 40 anos de idade. Desenvolveria mais suas qualidades na profissão, fantástica e necessária.
A nação inteira bravejaria quando a carga horária de trabalho diminuísse, para ter tempo de estudar, ter cultura, lazer, conversar com a família, já que a última mudança na carga horária de trabalho, de 44 para 40 horas foi com a 'Emenda à Constituição nº231/1995', ou seja, há 21 anos. Imaginem que, mesmo após tantas mudanças em tecnologia e infraestrutura, não houveram mais mudanças na carga horária do trabalhador comum. Na história, esta foi a terceira vez: a primeira na Era Vargas, com o decreto-lei nº 5.452, de 01/05/1943. A segunda, na Constituição Federal de 1988 (Art. 7º inciso XIII), fixou a jornada de trabalho em 8 horas e a redução da carga horária semanal de 48 para 44 horas. Ou seja, da mudança de 44 para 40 horas, demorou 7 anos. E agora, após 21 anos, nada? Tem gente precisando trabalhar...
E já que menos horas serão para o trabalho, mais pessoas serão empregadas, e mais horas para estudo, lazer, convívio social, capital social e aprimoramento comunitário! Sem falar em diminuição da pobreza e da miséria também!
A puérpera poderia ter tranquilidade em sua licença maternidade. Dar 'mamá' à livre demanda, sem se preocupar no leite secar por conta do estresse que sofre sob pressão do patrão. Não teria que deixar seu filho bebê em cuidado de outrém precocemente. [Só atentar que a licença maternidade/paternidade é de 480 dias na Suécia - isso, mais de 1 ano - , sendo que pelo menos 3 meses são para o homem].
O idoso poderia disseminar seu conhecimento acumulado de uma vida, enquanto aproveita anos saudáveis de aposentadoria.
Os em estado de doença teriam a seguridade e o tempo necessários para a recuperação da doença e voltariam ao trabalho menos doentes ou pressionados.
Os empresários também ficariam satisfeitos ao ter funcionários satisfeitos, ao ver a comunidade funcionando... Quem sabe até aderir ao transporte público para o trabalho, em prol de um planeta sustentável? Quem sabe se sentirão parte da comunidade?
O vendedor ambulante poderia desenvolver sua micro-empresa sem maiores dificuldades, pagar os impostos que seriam revertidos para a sociedade.
A nação inteira iria ovacionar quando percebesse que não faltam mais ao trabalho, em decisões políticas importantes relacionadas ao futuro do Brasil. Os manifestantes, por sua vez, teriam certeza que suas vozes seriam ouvidas quando reivindicassem melhorias.
Sim, eles só poderiam estar falando deles mesmos. Porque o povo brasileiro, ahhh, esse sim é trabalhador.
Esperamos que cumpram as promessas!
- Raquel Ferreira -
'Vagabundo:
Adjetivo substantivo masculino.
1. Que ou quem leva a vida errante, perambula, vagueia, vagabundeia.
2. Que ou quem leva a vida no ócio; índole vadio.
3. B.pej. Que ou o que age sem seriedade ou com desonestidade; malandro, canalha, biltre.
4. Adjetivo fig. Que não tem constancia, é volúvel.
5. Adjetivo pej. De má qualidade, inferior, ordinário - 'tecido barato, v.'.
6. Subst. masculino. Indivíduo que não tem residencia habitual, ou que emprega a vida em viagens, sem ter um ponto central de negócios.'
E relembrando alguns dos ditos daquela mesma ocasião, proferidos por vários deputados:
'Pelo fim da corrupção, pelo fim da vagabundização remunerada.' Alceu Moreira (PMDB-RS)
'Vamos acabar com a vagabundagem neste país...'
'Vamos acabar com os vagabundos...'
Fiquei a pensar quando ouvi estas frases saindo das bocas de vários políticos. Da forma com que bravejaram estas sentanças, fiquei impressionada!
Realmente, estariam eles dispostos a mudar a história? Realmente aqueles políticos almejam deixar de vagabundear no Congresso e passar a tratar a nação com respeito? Realmente irão parar de beneficiar-se com acordos, irão parar de assaltar os cofres, vão parar de desviar verbas, de superfaturar obras, vão parar de fazer políticas para beneficiar as próprias empresas, mas em detrimento do povo?
Fiquel a pensar se não estariam, mais uma vez, mentindo para nós.
A dona de casa, trabalhadora, que cuida dos filhos, mal pode esperar! O Bolsa Família ajuda, mas ela não vê a hora de terem saúde e educação de qualidade, para seus filhos conquistarem uma vida mais digna no futuro.
Os estudantes bolsistas acreditam que não seriam necessárias bolsas de estudos se as Universidades Públicas abrissem mais vagas e se o ensino básico e técnico fossem de qualidade e gratuitos!
As feministas ficariam mais aliviadas em saber que há deputados que execram o abuso masculino de poder, a exploração sexual da mulher, a desigualdade de salários, a licença maternidade tão pequena que a mulher precisa escolher entre cuidar do filho ou deixar o trabalho.
Os educadores iriam aplaudir quando não demorasse tanto para ocorrer uma reforma no ensino; quando não faltasse merenda nas escolas; quando não houvesse falta de profissionais porque a prefeitura não quis renovar contratos para não caracterizar vínculo empregatício, e as crianças ficando sem cuidado.
O pedreiro ficaria contente se todas as normas de segurança fossem seguidas e recebesse um salário digno, se a ergonomia fosse apropriada ao trabalho e não significasse ficar inválido com problemas de coluna ou respiratório aos 40 anos de idade. Desenvolveria mais suas qualidades na profissão, fantástica e necessária.
A nação inteira bravejaria quando a carga horária de trabalho diminuísse, para ter tempo de estudar, ter cultura, lazer, conversar com a família, já que a última mudança na carga horária de trabalho, de 44 para 40 horas foi com a 'Emenda à Constituição nº231/1995', ou seja, há 21 anos. Imaginem que, mesmo após tantas mudanças em tecnologia e infraestrutura, não houveram mais mudanças na carga horária do trabalhador comum. Na história, esta foi a terceira vez: a primeira na Era Vargas, com o decreto-lei nº 5.452, de 01/05/1943. A segunda, na Constituição Federal de 1988 (Art. 7º inciso XIII), fixou a jornada de trabalho em 8 horas e a redução da carga horária semanal de 48 para 44 horas. Ou seja, da mudança de 44 para 40 horas, demorou 7 anos. E agora, após 21 anos, nada? Tem gente precisando trabalhar...
E já que menos horas serão para o trabalho, mais pessoas serão empregadas, e mais horas para estudo, lazer, convívio social, capital social e aprimoramento comunitário! Sem falar em diminuição da pobreza e da miséria também!
A puérpera poderia ter tranquilidade em sua licença maternidade. Dar 'mamá' à livre demanda, sem se preocupar no leite secar por conta do estresse que sofre sob pressão do patrão. Não teria que deixar seu filho bebê em cuidado de outrém precocemente. [Só atentar que a licença maternidade/paternidade é de 480 dias na Suécia - isso, mais de 1 ano - , sendo que pelo menos 3 meses são para o homem].
O idoso poderia disseminar seu conhecimento acumulado de uma vida, enquanto aproveita anos saudáveis de aposentadoria.
Os em estado de doença teriam a seguridade e o tempo necessários para a recuperação da doença e voltariam ao trabalho menos doentes ou pressionados.
Os empresários também ficariam satisfeitos ao ter funcionários satisfeitos, ao ver a comunidade funcionando... Quem sabe até aderir ao transporte público para o trabalho, em prol de um planeta sustentável? Quem sabe se sentirão parte da comunidade?
O vendedor ambulante poderia desenvolver sua micro-empresa sem maiores dificuldades, pagar os impostos que seriam revertidos para a sociedade.
A nação inteira iria ovacionar quando percebesse que não faltam mais ao trabalho, em decisões políticas importantes relacionadas ao futuro do Brasil. Os manifestantes, por sua vez, teriam certeza que suas vozes seriam ouvidas quando reivindicassem melhorias.
Sim, eles só poderiam estar falando deles mesmos. Porque o povo brasileiro, ahhh, esse sim é trabalhador.
Esperamos que cumpram as promessas!
- Raquel Ferreira -
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